Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil - Introdução


A partir desse texto iniciamos uma série de publicações a respeito da Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, concluída e publicada no ano de 2017.

A CGADB, sob a presidência do Pr. José Wellington Bezerra da Costa, nomeou uma Comissão Especial para elaborar nosso credo ou confissão de fé, ou seja, nossa Declaração de Fé. A comissão especial designada para a discussão e elaboração do texto foi composta por um grupo de pastores estudiosos da doutrina pentecostal, teólogos e professores de nossa denominação. Todos com conhecimento das Escrituras, bem como da história e da doutrina pentecostal/assembleiana.

Entre eles estiveram os seguintes pastores: Esequias Soares da Silva, Paulo Roberto Freire da Costa, Jesiel Padilha de Siqueira, Alexandre Coelho, Douglas Roberto Baptista, Claudionor Corrêa de Andrade, Ailton José Alves Junior, Alberto Alves da Fonseca, Antonio Xavier dos Santos Vale, Elienai Cabral, Eliezer Morais, Elinaldo Renovato de Lima, Emanuel Barbosa Martins, Emmanuel Silva, João Maria da Silva Hermel, José Gonçalves da Costa Gomes, Nemias Pereira da Rocha e Océlio Nauar de Araújo.

O que seria e qual a necessidade de um documento como esse?

Credo, confissão de fé, regra de fé ou declaração de fé são documentos que objetivam oferecer aos membros de uma denominação interpretações autorizadas das Escrituras aceitas e reconhecidas por essa denominação. Pode-se dizer que todas as denominações cristãs no mundo possuem algum conjunto de crenças, seja escrito ou não.

É preciso reconhecer, de início, que a Bíblia é a Palavra de Deus e a única autoridade inerrante para a vida do cristão. Ela não é um credo, mas é a fonte primária para qualquer credo. Ao tratar desse assunto, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil lembra o que disse Philip Schaff:


A Bíblia é a Palavra de Deus ao homem; o Credo é a resposta do homem a Deus. A Bíblia revela a verdade em forma popular de vida e fato; o Credo declara a verdade em forma lógica de doutrina. A Bíblia é para ser crida e obedecida; o Credo é para ser professado e ensinado (2019, p. 15).

 Saiba que no segundo século depois de Cristo, a Igreja já sentiu a necessidade de se organizar os pontos mais significativos da fé cristã, tendo em vista as diversas controvérsias e heresias que questionavam a verdadeira doutrina cristã. O apóstolo Pedro já alertou a esse respeito em 1 Pe 3.15: “Antes, santificai a Cristo como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.” (Grifo nosso).

Retomando a ideia de uma “Declaração de Fé”, ressaltamos que a expressão “credo” vem do latim e significa “eu creio”. Na igreja de fala grega utilizou-se o vocábulo symbolon, cujo significado é “arremessar junto, comparar”. Assim, trata-se de uma referência a qualquer declaração de fé; algo que possa ser usado para comparar as diversas interpretações. Alguns credos da Igreja Antiga são considerados universais, isto é, aceitos de forma ampla por todas as vertentes do cristianismo.

Dentre todos eles, as Assembleias de Deus no Brasil concordam com: O credo dos Apóstolos; O credo Niceno; o Niceno-Contantinopolitano; o credo de Calcedônia e o Credo de Atanásio ou Atanasiano. Eles estão no apêndice de nossa Declaração de fé e, como você pode conferir, temos muitos pontos em comum com os primeiros cristãos. Eles são geralmente aceitos por Católicos romanos, Ortodoxos gregos, Anglicanos e protestantes, uma vez que seu conteúdo é comum às principais religiões que se apresentam como seguidoras do Cristo Jesus.

Desde o início da Reforma Protestante também surgiram diversas Confissões de Fé. A nossa Declaração de Fé é um documento eclesiástico que recolhe, organiza, de forma escrita e sistemática, as crenças e as práticas de nossa denominação que vêm sendo ensinadas desde a chegada dos missionários fundadores, Daniel Berg e Gunnar Vingren. Reafirmamos que a Bíblia é a nossa única fonte de autoridade; a inerrante, infalível, completa e inspirada Palavra de Deus. Contudo, chegou o momento de apresentar como é que nossa denominação interpreta a Palavra de Deus.

O movimento pentecostal no Brasil teve início em 1911 através dos missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren. O Pr. Gunnar Vingren possuía formação teológica e, desde o começo se preocupou em instruir os primeiros crentes pentecostais. Com a publicação do primeiro número da Voz da Verdade, editado pela Assembleia de Deus no Brasil, surge um artigo com o título “Jesus é quem batiza no Espírito Santo”. Assim, o principal objetivo da imprensa pentecostal era a divulgação doutrinária, e não meramente as notícias.

Em 1919, no Jornal Boa Semente, foi publicado um artigo denominado “O que nós cremos”, contendo os pilares da doutrina pentecostal assembleiana. Em 1929, surge o jornal Som Alegre. Na ocasião Gunnar Vingren mostra a preocupação com o ensino teológico:


Em o Som Alegre anunciaremos as promessas gloriosas incluídas no Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, ou seja, a salvação completa e perfeita de todos os pecadores e tudo o que pertence à nova vida do cristão: o batismo no Espírito Santo, os dons espirituais, e a próxima e gloriosa vinda do Senhor (In HORTON, 1996, p. 37).

O Mensageiro da Paz segue a mesma linha doutrinária. Fundado em 1930 ele substituiu os periódicos anteriores. Nas palavras de Gary B. McGee, esse jornal era “o professor silencioso e domiciliar que chegava onde nenhum seminário poderia ser instalado” (In HORTON, 1996, p. 38). A partir de junho de 1969 passou a ser publicado no Mensageiro da Paz o “Cremos”. Essas breves e concisas declarações, compostas por 16 artigos, resumem a fé assembleiana.

Contudo, o que mais contribuiu para a formação teológica dos obreiros assembleianos no Brasil foi a criação das Escolas Bíblicas. Ainda que não possamos precisar quando foi realizada a primeira Escola, sabemos que elas duravam de 15 dias a um mês e contavam com professores especialmente convidados para ensinar disciplinas bíblicas, teológicas ou eclesiásticas, segundo o currículo mínimo estabelecido. Entre os primeiros professores tivemos: Samuel Nyström, J. P. Kolenda, Eurico Bergstén, Lawrence Olson, João de Oliveira, José Menezes e mais recentemente, Alcebíades Pereira Vasconcelos, Estevam Ângelo de Souza, Antonio Gilberto, José Pimentel de Carvalho, Elienai Cabral, Claudionor de Andrade, Wagner Tadeu dos Santos Gaby e, com eles, o número de professores vem crescendo a cada dia.

Desse modo, a Declaração de Fé consiste em uma explicação mais detalhada desses artigos. Constitui-se, portanto, em um verdadeiro manual de doutrinas que norteiam a nossa fé. A Declaração de fé deve servir como proteção contra as falsas doutrinas e, ao mesmo tempo, servir como fator de unidade do pensamento teológico.

Em um cenário com tantas vozes, ela nos ajudará a preparar candidatos ao batismo e, de igual modo, mostrar para a sociedade, a verdade a respeito do que cremos e praticamos.

O objetivo primordial, no entanto, é a glória de Deus.

Soli Deo Gloria